quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

TATUAÇÕES

Debussie pour Debussie




David Linch


TATUAÇÕES
                                                              numa ciro

Tatuando Tetas

pássaro-espaço nas alternâncias dos olhares

aqui, aí,  ah... lém...

Tenho medo que me surpreendas sem saber o que fazer com meus olhos

Eu penso
que chegarás ali
onde acendo

Expansão
Paige Bradley / Nova Iorque

Tatuando sonhos

Vens a modo de hipotética aparição com os trejeitos da impossibilidade

Assim... tão inteira
Inteiramente árdua
Em sorrisos ambíguos
Enganadores gestos

Bem ali
No muro onde escreveram

Des-espero                            



Camille
Rodin

Tatuando metas

Vem!
Encontra-me assim
onde te espero
entre ninhos de medo

Essa paixão
ainda nos haverá de entregar às inevitáveis risadas sem fôlego


 Hans Bellmer
Tatuando incertas


Meus olhos desenham teu perfil
enquanto distraída ignoras os teus movimentos em mim

Em nada que eu possa pensar
ouço tua voz a me chamar

Onde o alvoímã de um impulso qualquer que nos possibilite o beijo?

é feita de que essa incomunicabilidade?

Nada há que nos aproxime
que esquente as mãos e o ventre

Sutilmente não me olhas

às vezes
nossos desolhares se cruzam
e percebo que não te atormento tanto quanto eu te devoro


Vally Nomidou
Escultura de papel 

Tatuando setas

sim,
dize: sim
onde o onde em mim te espera até a última das quimeras
ao rés do chão de espelhos
onde as tuas calcinhas nos olham


Sylvia Judson Shaw

Tatuando brasas

E os nossos beijos indecisos
queimam
o espírito que habita a vista abrindo inferno no peito

Nada espanta esse desejo
e te vejo infantil
e me enxergo mãe
Onde silencias

e minha paixão te alcança nas ondas mais altas
desde os peitos até a noite
até a voz ficar rouca
e cada ideia crescer louca louca loooouuuu


Johnson Tsang

Tatuando casas


Espero
com os olhos na porta

De repente
o mundo 
escorreria inteirinho pelas minhas minhas costas

esse desejo não cabe
em minha louca determinação nervosa

Não toquem nessa porta
É só pele e coração
Tenho ânsias de vôo
de ganhar as estreladas noites das estradas
desfiar o ocaso nos seus vários tons
lamber teu rosto
do vermelho ao lilás ao romã até  sorver o néctar do laranja
brinde ao prazer inesperado
dos lábios em fruta ácida

porque longe                
Madalena / Gregor Erhart











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