Totemica estava parada ali no meio de um pensamento absolutamente estarrecedor
Não fora um vento forte sacudindo seus segredos
ela não se daria um minuto de trégua trabalharia naquela orgia ideal
até esgotar a última centelha dos ânimos
Sonhos invertidos Insensatos beijos
Meses
Leves aromas idiomáticos Arrebatadores lábios nos espelhos
Nenúfares Luminares Quadrúpede Alazão Pégaso do sertão Asas da sonhação
Alarme Valei-me Ela pensava Pensava nela longe dela não por ela nem para ela Através dela
Totemica dançava Ali Parada no meio do redemoinho d’aquilo que guarnecia ventania de pensamentos
Sorria sozinha para fora e
para dentro Como se conversassem consigo Quantos enamoramentos Mesmo que fosse apenas o atrito do pensamento no pensamento pensamento contra pensamento
pensamento sobre pensamento pensamento querendo pensar menos pensamentos desejando um só pensamento
nenhum pensamento Voadores os pensamentos
aviões andorinhas gaviões dumbos gafanhotos as alegres comadres de wind surf
aparelhagens confusas das risadas domésticas específicas descobertas extremas nervuras das américas lineares...
alguém já se pensou assim? totem dos pensamentos? Um mico dialógico
A campainha toca
Totemica vira outra
atravessa os pensamentos quase num esforço milagroso
um Moisés abrindo o mar e não atraveeeeeeeesssssá-lo?
andando pela sala procurando a porta e o juízo e pensando será a vizinha? quem se avizinha? virá pedir? o quê? um pouquinho... Já são quase as horas certas para alguma coisa incerta A buzina de um carro estampou a imagem de uma amiga daquela que ela saía sempre às 16 horas saia justa blusas frouxas tamancos altos pretos ou vermelhos brincos de argolas A estampa se multiplicou em ciganas desvendadas dadaísmos urbanos indecentes dadivosos duvidosos indefesos invisíveis impalpáveis
A campainha insiste
Totemica toma um gole de susto e volta procura a chave da porta da outra porta e gira sem esquecer do momento quando procurava este apartamento como imaginava diferente disto que acabou querendo e pensando que era este mesmo que já constava no mapa dos seus pensamentos o endereço do esquecimento Totemica abre finalmente a porta a de dentro e se depara com mais um pensamento em pessoa não sabia definir se era um homem ou uma mulher uma pessoa inédita e autoritária presença real tão nítida quanto inacessível Amarás ao teu próximo como a ti mesmo Mas que não esteja tão próximo nem sequer do mais distante e se mesmo se mesmo se mesmo... o quê? Era um dia tão distante de que mesmo? e o que mais? apenas uma pessoa em pensamentos palavras e gestos e meros objetos de contemplação...
A campainha mais uma vez
Totemica Totemica Cadê a expressão O gosto pelo outro lado do tempo o outro tempo do mundo das coisas cotidianas e habituais como um simples atendimento a uma porta um simples dizer boa tarde seja quem for o que quer de mim? o que veio fazer aqui? Não importa que batam na porta Não quero ouvir o bater na porta Não sei o que dizer ao abrir a porta E assim o mundo começou quando sentiu o peso da corporeidade tramando a convicção de que se existe sem querer dizer filosoficamente não queria existir não queria pensar não queria ser
mas quando queria sexo... ou tentava matar a fome... pensava? teria o mundo para matar a fome do mundo? o mundo se arma se ama senhalma ah aha ahaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhh se tudo coubesse dentro e se o que ficasse de fora fosse o seu lugar seu lar seu apego ao contra tempo Relento TOTEMICA PENSA o pensamento suspenso em voz alta: e tudo foi acontecendo
aos poucos
E tu?
Nem vias
meus olhos náufragos
Não me olhes assim
Nem me ocorre como poderias
Perdi o controle a bolsa qualquer possibilidade
Perdi o ninho o leite e a vergonha O que se vê entre Corria desenhando riscos
O pensamento finalmente dorme e se espreguiça entre estáticos pontos de esquecimentos
No fundo opaco enganador aquele vulto escandido e navo resplandescente como um grito no escuro uma carícia não identificada
Só o rastro
Bandido das coisas perdidas
Furtiva amada menino astuto vestal criança olhar de espanto complacências Quadros se superpõem aos livros
frases inteiras com a estética do latim
A campainha parou de tocar
Não se tem ideia de quando parou
Qual bobagem se expandiu
através da escuta da campainha que tocava
Ninguém ouviu quando alguém gritava Abra a porta Abra a porta por favorQuero falar com você se não for você a pessoa com quem eu quero falar
onde posso encontrar a pessoa com quem quero falar
Totemica vivia indiferente a estes tipos de sinal Totemica se espreguiçava dentro e fora do pensar Esticava os músculos do pensamento somente para executar um demi-plié com a finalidade de louvar os falantes da língua Keruaque só porque publicaram as "odes obscenas nas janelas do crânio"
Isso a livraria dos abusos da sobrevivência
e poderia significar a loucura literária insana pois é daí que também se escava a matéria prima do sentido até a significação mortal e ao mesmo tempo toda a possibilidade de vida que em si mesma não significa nada que
quer dizer significa nada?
não significa nem sequer nada
LÓVEME LÁVEME LÚVREME LÉVEME daqui
Umas flores
Quaisquerrrrrrrrrrrrr bombons
Naturalmente sofro e não de onde o nascente querer
Naturalmente como como
Tenho pensado nisso constantemente e não encontro vestígios de tão árdua execução do intelecto
Pois considero tuas carícias
verdadeiras pérolas da disposição humana para a inquietação
Quem nos viu naquele instante de inquietante sofrimento
Quem adivinharia o incômodo
Talvez apontasse o diafragma querendo pontuar o buraco
Mas não
Somos uma criança perdida com o endereço no bolso Assim...
Vejo crescerem os motivos de arrependimento sempre que penso nos atos desperdiçados nas enganosas indicações de que mesmo? de quando em quando... e BASTA
Pare de rir de rir de rir de rir
Pare de mim de mim de mim
Para de viver
Para de morrer
Para o mundo que eu quero descer
Já li e ouvi esta frase em algum lugar
Para o mundo que eu quero subir
Diria eu
Se eu encontrasse o ponto de parada do mundo
Mas o mundo não é um ônibus
É um navio
Eu não sei nadar
Fui criada dos riscos
Atravessando as ilusões mais sutis pensava que entendia a vida como aquela árvore que cresce sem falar Olho
Pela janela a noite continua a mesma
Não a noite
Eu
Continuo A mesma Não ouso tocar nesta serenidade
Ignoro esse barulho
O que é que não foi? Isto importa Mesmo assim continua sendo irrelevante
É tão carinhoso ser apanhada de surpresa pela vida
Fiquei horas a perguntar de uma extremidade Há outra
Procurei exaustivamente por uma síntese
Um sossego
Uma centra----------------------------------------------------------L-
-------------------------------idade Porém
Uma obstinação pelos cantos
Pelas linhas divisórias arrepiantes dos desenhos que fazem silhuetas em noites mal iluminadas despertam muito mais curiosidades
Pé ante pé diante de mim
Às vezes me assusto
Às vezes me acaricio Algumas vezes penso que sou, como a maioria das gentes,
quem traduz com a máxima fidedignidade o sofrimento alheio somente para esquecer a enorme decepção de ter apenas uma dor singular tantas vezes sem eco sem solidariedade
Uma dor abafada que se omite que se evita
Com a qual nada se faz a não ser deixar
Quantas vezes ficarei assim?
Conto os minutos como se o tempo preciso pudesse caber em qualquer tempo
Fazumséculo
Fazumsegundo
Fazqualquercoisapraficarassim
Fazmuitofrioaqui
Foram as últimas frases que ouvi de seus lábios
Fazmuitotempo
Aindanãopensavaemsuicídio
Nemgostavadechicletes
Parecequefoiontem
Foram as únicas frases com as quais usei meu pensamento enquanto seus lábios pronunciavam as últimas frases
Ainda lembro aquele olhar
Além fixo
Aquém imóvel
Não me sai da cabeça aquela imagem
Meus olhos nem mais descansam
Mal distinguem longe-perto mal
durmo
As lágrimas escorrem 4 a quatro
Estações emocionais exercendo expressividades
Visões de espaços interiores onde pululam incessantemente as mais variadas formas de vidas inventadas
Vertigens
Parâmetros passionais
E ninguém
Ninguém mesmo inventou coisa alguma depois que
Que o mundo ficou dando as sua voltas
Amor bem que anoiteceu
Estávamos precisando deste sereno lá na pista
Quando as luzes se acendem compondo a paisagem dos edifícios quem pensaria nos amantes? E nas empregadas domésticas? Quem pensaria nas crianças que iriam dormir? Os pais chegariam do trabalho?
Quero ver minha própria boca articulando cada sílaba desse diálogo imaginário como se eu fosse…
Eu sou nós
entende?
Eu sou voz
entende?
O por do sol cai nas minhas convicções
Quando a noite chega eu começo a pensar nos medos de tudo de como a noite nos engole com sua boca enorme de raiva e desejos
EhhhhhhhhhhrrrrrrrrrreeeeeeeeeeJe! Oh noite tão longa
Tem noites que dá uma tristeza tão grande
Por que?
Por que penso tanto?
Até de madrugada aquela voz cava esse desejo sem fim
Minha cabeça gira e meu olhar desliza por um fio atravessa paredes
Um bicho feroz atravessa na direção desse olhar
Rompem vesúveis sinais visíveis intensamente iráveis noites intactas em claro
Não posso esconder isso
Esse
desejo em mim
fecho gavetas apago impressões
negócios
conselhos de esquecer
dou gargalhadas ao vento
Tento
Na direção desse olhar tem um bicho feroz
Acordei e era belo aquele gosto de beijo na boca enquanto o sol batia despudoradamente nas vidraças espreguiçava
olhava
As festas das frestas Sorria Sorria Arrebatadores risos sacudindo os seios
Tudo era apenas formas de passar à margem do óbvio
Olhei de lado
Completamente cinza o traço
Flores Arcos Dobras Cacos Revistas
Havia um prazer convulso por ter acordado
Sempre me surpreende estar
Olho ao longe sem
olhar
Até desenrolar todos os sentidos
Até onde podem ir os pensamentos? As tardes caem? As noites descem?
Olho de perto acerto
Abertas mãos à obra Mãos medrosas Ao alto
Abro as pernas UM TREM PASSA RÁPIDO
Puxo as cobertas que sono pesado meu deus se alguém fechasse as cortinas (...) esse beijo estranho na boca que música é essa?
Vemdedentro
Virá defora
HOJE O CORAÇÃO FERE A RAZÃO
Acordei com um belo de um beijo na boca Impaciente com tudo irrita-me sobretudo passar pasta na escova de dentes este frio que não passa basta! Besta! Estou uma pilha merde! Ainda bem que encontrei este cigarro Que me resta senão abrir janelas à arquitetura dos planetas à mixagem dos sons urbanos como se fossem carícias próximas dos pensamentos razões silenciosas auto--crítica-do amor-puro Sujai a lógica Estética exuberante CAVALO CAVALO CAVALO Artigos à vulso Vespertinas notas de cristal
Idos zuns bis uns is zabumbas e olhos giram sugando estrelas solitárias voltas em vãos
Soiscomoanoite! Gritou uma voz aqui dentro Um ruído estranho no peito
Nãonãotemastensquetensque... perdida voz no peito
Aquidentrohabitassomenteaquidentro LáforaFALTAS
Éstodaminhaaquidentro Láforasilennnnnnnnnnncias
Passei esta noite em claro doía muito
A cada sonho em que passavas beijavas beijavas beijavas
Ninguém me disse vá embora
Não chegou à casa nenhuma notícia extra vagante Mas fiquei problemática O dia passou com uma cara de ausência Você saiu pelos corredores e eu me salvei na ilha do pensamento Bati em portas que seriam herméticas se já não estivessem tão forçadas
Fuja! Foi tudo quanto meu pensamento conseguiu articular para o lado de lá sublinhando aquela criatura sem destino
Não Elanãotemculpamasestánula Francamentesuatola Vocêseimpressionacomtudoquesemovimentaláfora
E se? E se?
E se...
Para de pensar Para de pensar
Há séculos comecei a criar este país de ilusões
Lembro-me bem quando foram inauguradas as primeiras fábricas de carícias
ah! Como sorria ali sozinha naquela poltrona perto do rádio
E você viajava sem memória só através das imagens instantâneas
eu percebia de longe não conseguia parar de olhar
ficava acompanhando a linearidade da sua postura O quê?
A linearidade da sua postura
às vezes os dedos brincavam nos braços da poltrona
eu fixava tais inexpressívos movimentos como se traçassem bailarinos no palco O que? Como se traçassem bailarinos no palco
Por essas coisas pensei que teríamos sido feitas uma para a outra
uma para a outra
somente eu conhecia a singularidade de tantas coisas sem importância
nem uma vez me impacientei com seu olhar de vidro
às vezes sorríamos dávamos rascantes gargalhadas
nesses instantes nossa existência ganhava sentidos extras... cardinários... BASTA As horas passavam não o tempo
Quem haveria de entender a lógica das datas que regulam a chegada de cartas contas folhetos convites etc. etc. etc.
Perguntávamos ao mesmo tempo: Vocêpassa?
Numa dessas ocasiões compreendi Tínhamos feito um pacto mudo e cruel Ignorávamos a noção do tempo
Ocupávamos o espaço mais inexistente possível
Vivíamos tão quase imobilizadas Que reparávamos nas menores mudanças
Assim Abandonamos as lembranças
Esquecemos inteiramente de como éramos na adolescência
Era como se fôssemos sempre assim No exato momento em que vivíamos Não sonhávamos com o futuro Caímos numa inexorável existência presente
Uma gargalhada esvaziou mais um espaço denso e fez os objetos caírem num desuso sem precedentes
Aquele estrondo se espalhou desde o ventre e levou todos os infernos em seu eco
Nãoseobjetivaassimumatãograndedor
Deixa-meseduzir
Foracomestacrença
TUDO FORA EM VÃO
Às duas da madrugada ainda pensando Caminhávamos sem sair do lugar
Isso se tornara apaixonante
Convivíamos satiricamente com esta desesperança
Simplesmente não esperávamos um dia noites
Longínqua repetição anacrônica delicada seria se não fosse tão pesada Parecia que a dor do mundo se despojava aos nossos pés
E nós?
O futuro a Deus pertence O futuro a Deus pertence ADEUS O Futuro Pertence Adeus presente adeus pertence o presente esquecera seus pertences no futuro momento em que se desesperara e sem encontrar solução nos breves instantes de perplexidade entregou-se ao adeus disse adeus à sua autoridade interna chorou durante toda a noite rezou para Santa Cecília e se viu cantando no coro da igreja depois não conseguiu lembrar-se de mais nada compreendeu que estava só corria corria corria tentava segurar uma borboleta que não parava de-flor-em-flor mas dava a impressão de querer ser alcançada Ficou sem fôlego parou num lugar desconhecido a sensação era a de ter chegado depois nada
Quando deu por si procurou sentir novamente aquela onda quebrando na rotina Lembrou dos sapatos amarelos e dos momentos na frente do espelho
Sempretenteievitaresseassunto É tãofascinanteestesilêncio
Ésóouvir Maisnada
Razões silenciosas caem como gotas de mel Mas o coração duvida
Procura-se no escuro do poço apenas o fundo
O fundo não tem fundos
Eis o bagaço do vazio infra-mundo
Quemmederacederaessascaríciasenigmáticas...
Fingirei que não quero mais nada
Recusarei todas as conveniências
Imigrações de insetos na mira do horizonte
Z com A maiúsculo
Apenas uma fórmula qualquer para puxar pensamentos tardios e mentirosos
Há somente uma única esperança guardada aqui na boca
Tudo vai depender apenas da voracidade da fala
Quem está ali? E eu não posso
Olham e riem de mim as naturezas mais estranhas
Sim o que fui não importa
Por isso mesmo continua a ser irrelevante
Suporte suposições Não
Não quero amenidades
Saem pelos meus olhos todos os objetos que por ali passaram
Mesas de pernas pro ar
Cadeiras postas de lado
Lençóis molhados
Flor do Nordeste o Algodão Agreste Fios de mercúrios dizendo a febre do tesão
Corpoincendiado Sob o Soutien mamilos eretos Olhando
A Baía de Guanabara
Há de todos os santos
Bacias hidroelétricas
Bactérias Fungos Estafilococus
E o que mais?
O muuunnndo!
Você se basta
Eu sou você + tu + nós
E o produto somos todos os beijos
Quem sabe?
Os deuses me recebem e eu provo do néctar hem
Estalo a língua estranha aos seres
Igualzinha quando acordo em certas manhãs e quero morrer
Depois nem
sei
Imagino morrer só para ver as pessoas que amo sofrerem
Mas só um pouquinho
Queria vê-las reunidas à minha volta com o último dos respeitos ou das temeridades
Estariam enfim diante do meu total silêncio
Seus olhares sem retorno às avessas como um tiro bem no cu da lata
Nunca tinha pensado antes que guardasse tanto ódio assim
Quase um gozo quando imaginei que não seria o meu silêncio que as incomodaria
Mas o silêncio delas em mim
Fiquei horas assim feito uma parede sem ressonâncias
Fernando mandou dizer por Álvaro que depois da angústia depois do horror depois do velar depois do lamento da trágica retirada para a cova
vem logo depois
"o princípio da morte da tua memória"
Aparece primeiro a forma de um alívio
depois
as conversas cotidianas embrulhadas na rotina teceriam o esquecimento
Em seguida ao espanto inicial
eu viraria uma página virada na vida de todos
Aí é que seria engraçado
Eu despertando daquela catalepsia desabonadora e irretocável e as pessoas decepcionadas
Como interromper um trabalho de luto?
Elas já teriam passado pelo pior ou pelo melhor
E eu já teria vagado pelas rotas imaginárias à deriva extraviadas voltas à beira do abismo presente em todos os lugares e ao mesmo tempo num oceano de realidades impossíveis de se ignorar
E a razão?
Podia tudo podia nada
E eu?
Sabia tudo sabia nada
Expulso idéias de perfeição e elevo as fantasias ao nível da curiosidade sem retorno sem satisfação como se ignorasse o lugar
Como chegar?
Para que este enrodilhamento?
Eu só quero cagar em paz
Não quero um lugar na frase
Já esperei tanto tempo e aquele telefonema?
Ultrapasso dias velozes
Quando observo os séculos pelo ponteiro do relógio os segundos parecem cruéis
Naquele dia só pensei na morte Era um dia interminável
Olhando as flores percebi as pétalas exibem horizontes perfumados
Longínquo o horizonte dos beijos lá no fim da rua quando chego cansada a pé sem fôlego lívida de calor a te querer tanto quanto a um banho
Assim Atingi os indícios mais simples deste caleidoscópio fantasmático e espectral dos meus órgãos
Muitas vezes perco os contornos e não crio novas emoções
Fico
Inerte e procuro silenciosamente o fio de tantas lutas interiores esquecidas e por causa disto do esquecimento meu corpo se fixa na frente do telefone como se quisesse ver o toque
Mas depois daquela conversa fui ficando muito próxima de tudo
Cada vez mais solitária nesta aproximação e no entanto mais ávida faminta preguiçosa cheia de palavras arrodeada de letras góticas
Olhando acontecimentos numa atitude de complacência outras de coragem
E nunca e nunca nunca satisfeita ou conformada São 11 e meia
Mesmo dia?
E aquele telefonema?
Eu me exponho às expectativas
Nunca sei se devo esperar ou me deixar surpreender
Porém como esquecer tal desejo?
Ouvir aquela voz de um lugar qualquer
Apenas aquele som
vindo de um lugar de um corpo que reconheço em fartas sensações às vezes quentes às vezes estranhas em certos lugares do meu corpo preciso disto não
sei se é vício coisas de paixões desordenadas
Porque me disse que telefonaria às 11 em ponto pronto!
Eu espero desde desde desde
Porque falou que levaria todos os sentimentos às alturas da razão
Por tantas vezes fingir que sabia as origens de todos os males e os motivos de todos os bens
Por tudo quanto fez brilhar os olhos calar os lábios fustigar os sonhos
Oh! Não
Finjo que tenho esperanças
Para onde eu vou?
Que apreciação essa de tomar nos braços
o personagem dos meus diálogos interiores?
Ainda bem ainda mal? Tudo gira sem um querer reconhecível e controlável
Elipse falso oculto
sem encontrar um antípoda qualquer nalgum ponto esquecido inencontrável
Não é fácil chegar a nenhum lugar
Urge Arre Urra
A RAZÃO FERE O CORAÇÃO
Hem?????????
Nem sempre nãos serão Nãos
Fugir Fugir Fugir
Cair no abismo louco de cair
Cair Cair Cair
Até onde não houver mais questões
Essa marca
Essa dor que não passa
VACA!
Herança de uma fera o que restou das mordidas
de tudo quanto deixaram as partidas Essa ausência plena em sua presença nítida como um girassol
O dia claro desalmado enquanto a alma esperançosa e lânguida como só as almas podem esperar é próprio das almas
As folhas brancas as de papel sim as de papel
Limpas prontas Alvas mallarmeânicas
Com as pernas abertas pra qualquer RABISCO que aparecer
Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
Beijo qualquer imagem dos meus deuses íntimos
Íntimos como amigos íntimos
Íntimos
Eis uma xícara em seu pires no seu plano mira
Do olhar que pesca amenidades
E antes eu tinha pensado que não queria amenidades
Mas não resisti ao pires com a xícara em suas mãos
A xícara que jamais voaria. Não porque fosse uma xícara mas porque só lhe deram uma asa
OH! manhãs
Vejo os objetos brotarem como flores frutos ou qualquer ser criado pela natureza Porque criei esta ausência?????
Nunca visitei uma fábrica
A cultura é um milagre
Meus santos são os operários os cientistas os arquitetos
Também serão demônios os cientistas Culpo
A mágoa o tédio Só amo a preguiça ou bichinho precioso
Desconhecimentos
Confio em tudo enquanto não digo nada
Desconto sofro e não sofro
Gozo só de ouvir soletrar as letras do seu nome
Conheço as lágrimas sem chorar Mas um pouco diferente daquela lágrima que molha a Ode Elementar de Neruda à Cebola
Voltarei
Não do verbo voltar mas do verbo vagar
Força minha filha
Deixo você e digo: AtébreveVousemquerer
IR IR IR
RIR RIR RIR
No avesso do prazer sem fim onde a pele fere
Onde os sentidos pelo espírito carnal do tempo pede
Mas só ganha flores de acrílico
Quem nasceu assim tão nítido?
Não há loucura maior só as carícias
A paixão cabe nas palmas das mãos
A paixão incarna
Perfume abstrato internamente se alastra
OPUs OPUs OPUs
Atrás da orelha tem um segredo
Eu te disse!
Dormias...
Mas ouviste
Penso NOVAMENTE em como tudo foi acontecendo aos poucos e tu?
Nem vias meus olhos náufragos querida
Fico louca quando me olhas assim
Sinto em mim o quanto poderias me dar prazer
Perdi a educação que me deram
perdi o cartão de embarque
Perdi o fio o medo e a coragem Minha vergonha se perdeu pelas interfaces
Corri tantos riscos...
Venceram as forças estranhas
Tantas bobagens alicerçadas
Sombrios os dias apaziguadoras sombras
Em nenhum momento vinhas
Tantos desejos jogados ali pisados varridos calados
O pensamento finalmente dorme
e se espreguiça entre estáticos pontos de esquecimentos
No fundo opaco enganador
Teu vulto escandido e resplandescente
como um grito no escuro
uma carícia não identificada
Só o rastro
Acreditei em tudo que me fez cair depois arrependida
O amor está tão próximo que eu poderia fazê-lo cair em mim com o mais ousado suspiro com qualquer movimento a não ser este que me expõe ao desejo inteiramente solitária e muda
Não há como abraçar
a impossibilidade do gesto é incomensuravelmente forte
Mais forte que as vontades
Apenas por ser essas vontades tão fortes
Odeio tudo que nos impede o beijo
Odeio isto que excede o toque e me deixa assim inversamente tola
Odeio eu
Odeio todos os meus pensamentos
Eu queria ser filha do vazio
Eu queria fazer calar esse pensamento de repente
Secreto jogo de fixar morto o momento ao se perder em sorrisos ambíguos Esmagadores gestos
Enganadores reflexos Inteiramente árdua impossibilidade assim tão nua
Quisera tanto essa quimera
Encontrar-nos ali entre os nossos corpos apaixonados
O que poderia acontecer para nos entregar às inevitáveis risadas sem fôlego
Quisera ver de novo aquele olhar ao me ver
Quisera ver aquele olhar a olhar-me
Estarei sempre imaginando assim
Ao sorrir maliciosamente
Quem me dera ter escrever impetuosamente frágil
De quem é a culpa?
Cala-me num beijo!
A vida acontece onde o sol é aquele olhar queimando a minha vida