A MOLDURA DE UM TEMPORAL
Numa Ciro
Lambendo os lábios e gemendo de preguiça
Ela
Rolava rindo em uma cama virtual.
Rolava rindo em uma cama virtual.
Ouviu música a noite inteira.
Virtuose, a violinista.
Agora
o INVERNO
de VIVALDI
Toca nessa manhã que insiste em não clarear
As notas lentamente lambem os tímpanos
Pizzicatos sensuais beliscam o ventre
As harmonias fazem vibrar
As cordas líricas dos nervos
As cordas líricas dos nervos
A janela é a moldura de um temporal.
De olhos fechados
Rega as ilusões
Sem perguntar ao vento
Quem assovia ali dentro.
Uma porta range de amor ao tempo,
Escancara um murmúrio atravessado
E se faz sintaxe e gramática de um desejo
Através de frases jamais pronunciadas.
Stop
E se chovesse na calçada noturna des amants?
E se a chuva molhasse a língua que escreve esse desejo?
A última gota desse orvalho
Haveria de fazer transbordar a tempestade
Ao tocar no deserto sedento de um beijo.
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