segunda-feira, 2 de outubro de 2017

A MOLDURA DE UM TEMPORAL







A MOLDURA DE UM TEMPORAL

Numa Ciro



Lambendo os lábios e gemendo de preguiça
Ela
Rolava rindo em uma cama virtual.

Ouviu música a noite inteira.
Virtuose, a violinista.  

Agora
o  INVERNO 
de VIVALDI
Toca nessa manhã que insiste em não clarear

As notas lentamente lambem seus tímpanos
Pizzicatos sensuais beliscam seu ventre 
As harmonias fazem vibrar 
As cordas líricas dos seus nervos

A janela é a moldura de um temporal.


De olhos fechados
Rega as ilusões
Sem perguntar ao vento
Quem assovia ali dentro.

Uma porta range de amor ao tempo,
Escancara um murmúrio atravessado
E se faz sintaxe e gramática de um desejo
Através de frases jamais pronunciadas.

Stop

E se chovesse na calçada noturna des amants?
E se a chuva molhasse a língua que escreve esse desejo?

A última gota desse orvalho
Haveria de fazer transbordar a tempestade


Ao tocar no deserto sedento de um beijo.


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