REPLICANTE

Apresentação
Museu de Belas Artes
Rio de Janeiro
anos 90

Versão de Numa Ciro para 
One more kiss, dear – Vangelis  
da Trilha sonora do filme Blade Runner 
Caçador de Andróides 

A gravação é da canção original como base para a voz   

Replicante

Quantos sonhos

Tanto faz que me deixes

Sempre estás

As cortinas e as folhas ao tempo

Fazem cenas de encontrar

Na penumbra

Passo a passo

Tua sombra diz adeus

Não  nem quero saber se és um sonho

Implicante olhar

Imortal espanto esse de existir

Beijos trazem céus ausentes

Morte esconde o tempo

Replicante dor

Quem não feriu seu limite?

Quando fazes assim

E te escondes

Eu tenho medo

De que não sejas verdade

Nem a certeza

De caber aqui

Nos mitos

Dos meus loucos pensamentos

Quantos sonhos

Tanto faz que me deixes

Sempre estás

As cortinas e as folhas ao vento

Fazem cenas de adeus

Foto de Hildebrando de Castro 

INSÔNIA

Morro do Alemão

Avó aos prantos agarrada ao carrinho de seu neto: 

o que dizer ou o que fazer diante de um corpo de bebe atingido por tiros?  

IMAGEM QUE VI NO

JORNAL NACIONAL

ÂNGELA MARIA NOVAES, AVÓ DE BENJAMIM,

 ficou abraçada ao carrinho de bebê ainda com o sangue da criança

Para cada MÃE, cada AVÓ, cada IRMÃ, 

que chora abraçada ao vazio 

onde havia uma criança

INSÔNIA

UM REQUIEM PARA NOSSAS CRIANÇAS IMPEDIDAS DE BRINCAR 

BENJAMIM

MÚSICA: Primeiro trecho do NOTURNO DE SCHUBERT

Escrevo ao meu país

Nesta noite ruim

Sem poder dormir

Um pavão Noturno

Pés de gavião

Asas do dragão

Que fugiu da lua

Está voando aqui

Nesse nosso céu

Pousa aonde quer

Sem dizer o nome

Aparece assim

Mudo e sem cantar

Um rugido feroz Rá tá tá

Rá tá tá tá tá

As crianças ouvem

As crianças

Morrem
As crianças

Haverá

Haverá

Haverá

Uma noite em paz

Uma só noite em paz

Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. 

Brás Cubas

Machado de Assis

IRRESISTÂNCIA

DEBUSSY POUR DEBUSSY

CLAIR DE LUNE

tua sensualidade desafia meus pudores

sinto o gosto do leite tirado do peito ao menor vestígio 

de tão farta inteligência

essa falta de crença alvoroça os meus sentidos

e espero

que a tua falsa indecência me convença de teu ar de muitos amigos

estás em casa fora e dentro nos dias

em menos de dois segundos tornei-me aluna das tuas alegrias

se fazes carinhos nas minhas costas

vens com as mãos da nossa infância

já nos meus pés

brincas de passista

onde aprendeste a debussir nas horas tristes? 

e aqueles frevos para a extravagância?

em teu porta-estandarte carregas o fim da solidão

trazes esse colar de flores

cerca viva e aberta entre o corpo e a cabeça

e a dança dos teus olhos tentadores

descreve a órbita dos meus olhos de paixão

eu

na mais inquieta exaltação dos sentidos

te vejo passar

os lábios os dentes a língua e a garganta

os músculos os cabelos e o regaço

o colo os pés as mãos e as unhas

os dedos apontados para o norte em direção ao sul 

Ohceano 

onde se cruzam os beijos e as carícias dos verbos irregulares

bem conjugados com a tua sensualidade agressiva

na paixão pelos jornais

escritos falados semanais ou matutinos

e assim

tua sensualidade inteiramente disponível 

nos modos como passas as páginas dos livros e das revistas

como quem sabe o que é ser irresistível

Frevo instrumental de Luiz Bandeira "Carabina"

EVA NUA NUA

JUN MIYAKE

Flesh for Eve

El Primer Paraiso 

Paul Gauguin

EVA Nua Nua

Música Jun Miyake

Letra    Numa Ciro

Eu vi Eva e olhava o corpo nuestro

Foi em sonhos eu a vi

no jardim… psiu!

Eva andava nua e distraída

Sem saber que eu lhe roubava

A nudez

Surpreendi

Um sorriso e nas mãos a maçã

Ofereceu

A mordida e os lábios de mel

Iracema Iara Afrodite

Vi Godiva e vi Frinéia

Aos pés de Lilith

Ouvia

Quem és mulher

De onde vens

Que nomes tens

Com quem estás?

Para onde irás?

Ouvia

Surpreendi

Um suspiro e entre os seios canções

Ofereceu suas filhas

Que sabem dançar

Aglaia Talia Eufrasina

E as três Graças de Witkin

Tão reais

Joel-Peter Witkin (1939-). The Graces, 1988.

Ouvia

Quem és mulher?

Lá de onde vens

Há Deusas há?

Havia?

Haveria?

Haverá?

                           Ouvia

Eu Vi Eva Nua

Hildebrando de Castro - Natureza Viva 
Técnica:  Acrílica sobre Pele
Modelo - Numa Ciro
Filha de  Eva de Maria de Ninguém

REPLICANTE

cena do filme 

Blade Runner - O caçador de Andróides

REPLICANTE

Versão: Numa Ciro para ONE MORE KISS, DEAR - Vangelis  

[Trilha sonora do filme Blade Ranner]

Quantos sonhos

Tanto faz que me deixes

Sempre estás

As cortinas e as folhas ao tempo

Fazem cenas de encontrar

Na penumbra

Passo a passo

Tua sombra diz adeus

Não  nem quero saber se és um sonho

Implicante olhar

Imortal espanto esse de existir

Beijos trazem céus ausentes

Morte esconde o tempo

Replicante dor

Quem não feriu seu limite

Quando fazes assim

E te escondes

Eu tenho medo

De que não sejas verdade

Foge a certeza

De caber em nós

Os mitos

Dos meus loucos pensamentos

Quantos sonhos

Tanto faz que me deixes

Sempre estás

As cortinas e as folhas ao vento 

Fazem cenas de adeus

ATACAMAs FLAUTAs

AS FLAUTAS DO ATACAMA

Mano del Desierto
Escultura de Mario de Irarrázabal 

1992

Letra de Numa Ciro 

para música de Samuel Barber

Canzone opus 38a para piano e flauta

Quem viu
Passar saudade peregrina

Seguiu

Uma esperança bailarina

Quem viu a luz abrindo as asas

Sombras

Ouviu bater nas pedras

e

Não havia nada

Não

Não havia nada

falavam

das flautas mudas sob o chão

Se ouviu

Das pedras mudas sobre a terra

Soluços

Murmúrios

Ecos do silêncio das estrelas sobre o chão

Deserto incerto

Haverá o tempo?

Ontem

Havia o brilho dos olhares

Onde as palavras?

Não houve adeus   adeus

Há quem escute o som dos ossos

Avó acende o tempo

A mãe acorda o tempo

Viúvas, de pedra em pedra, a procurar

E a noiva fez do chão de pedras seu altar

Onde as filhas e irmãs irão chorar

Oh céus  Oh chão me acalentai...

https://www.youtube.com/watch?v=_ZMb6TUZNGw&ab_channel=MimiStillman

PARCERIAS COM CLAUDE BURG

c

Claude Burg e Tânia Christal

DADA ISSO

Música Jean Claude

Letra Numa Ciro

Benedetta Cappa Marinetti 
 "Velocità di motoscafo", olio su tela 70x110 cm
1919-1924, olio su tela 70x110 cm
Roma, Galleria comunale d'arte moderna e contemporanea

Mundo excessivo
Impressionista o céu

Sonho esculpindo

E as nuvens nem aí

São livres

São livres

Cartões non-sense ao nosso 
Olhar comum

Instantâneas

Impressões

Nuvens cubistas

Surreais

Feras soltas

Cavalo-de-pau

Vacas sorrindo

E já não riem mais

Aonde foram?

As nuvens passam

Ao cabaré voltei

Passou Man Ray

Passei batom

Não leve o sol

Dadá caos

Artes pelo chão

Tristan

Mundo lê

Wladimir Kush

Mundo excessivo

Expressionista o mar

Ondas dada ondas

VanguarDada

Dada

Blues

Minha neta

Vai

Gostar de blues

E o filho

Do meu filho

Dada Hannah Dada Emy

Dada Elsa Dada Sophie

Janco Hans Arp Hugo Ball

Lacan Dali

Criança casa

Brinquedo chão

Quem tem razão?

Não é coisa

Sim é outra

O que dirá “Pois não”?

Dadá água

Da Fonte não

A do

Salão

Dadá Fonte da Arte

Dá dá isso

Dá dá isso

Música Claude Burg e Numa Ciro

Letra  Numa Ciro

Você finge que não vê

Você finge que não sabe

Você finge que não finge

Você mente

Você sabe

HILDEBRANDO DE CASTRO
2005

Você finge que não vê

Você finge que não sabe

Você finge que não finge

Você mente

Você sabe

E eu?

Acredito em você

Sempre que eu saio pelas ruas me embriago

Com as ondulações dos movimentos

Procuro sentir o chão

Às vezes dói

Esse assujeitamento às leis da gravidade

Agarrada à terra escorrego pela existência

E não poderia ser mais explícita

Elliot Erwit

Tour Eiffel

1953

PARCERIA COM LUIZ GONZAGA

Luiz Gonzaga

Anos 40

FOI NUMA SERENATA

Música  Luiz Gonzaga

Letra     Numa Ciro

Quando avistei o teu sorriso resolvi

Pedir teus beijos   teus desejos traduzir

Nunca   longe ou cedo  quanto for

Tarde é perto quando quer o amor

Brincavas linda com meus nervos sem saber

O teu olhar dizia coisas

E viver era imaginar

Jamais era esquecer

Seduzir era o jeito de ter

Fingiste não saber meu nome

Cantando ofereci o céu

Dançavas como quem esconde

Os passos procurando os meus

Também fingi acreditar

Na tua falsa indiferença

Cantando disfarcei a minha impaciência

E conheci a solidão

Enquanto eras um rosto ausente

Fazia versos pra viver

E abraços um lugar distante

Nos versos via o teu querer

Foi numa serenata  eu lembro

Cantei como quem diz adeus

Ouviste a minha voz

E agora somos reis

E a lua nasce aos nossos pés

Dia Feliz 

Gravação da parceria Numa Ciro com 

LUIZ GONZAGA

no estúdio de seu neto

DANIEL GONZAGA, que fez o arranjo.

Músicos que tocaram:

DANIEL GONZAGA

LAN LANH - produtora do Disco

MARCELO COSTA

UM LUXO!!!!

Daniel Gonzaga 

Seu Estúdio, na primeira Ilha - Barra

Um oásis nesse mundo