domingo, 25 de dezembro de 2016

CIRANDAS COCOS E CANTIGAS


A CIRANDA E  O TEMPO


Numa ciro

LA DANSE
Matisse


Pedi um beijo só no pensamento
Quanto mais pensava
Só beijava o tempo
Só me admirava
Tempo Tempo Tempo


Sagração da Primarera
Pina Bausch


O tempo estava a brincar comigo
Quando eu brincava
O tempo se escondia
Tempo de alegria
Quero dar risada




Beijei teus lábios no meu sentimento
Quanto mais sentia
Mais me acostumava
Mais eu te beijava
Só no sentimento



Ricardo Woo


O olhar do Luar


A lua nasce quando o mundo escurece

Dizem que a luz da Lua não é dela não

A luz da lua é a tua

 A noite disse

Do teu olhar a lua tira o seu clarão


sábado, 12 de novembro de 2016

UMA TARDE COM CORA CORALINA



Este autógrafo sagrado foi escrito na primeira página deste livro
quando ainda me chamava Socorro, ou Maria do Socorro.

Pena... não tínhamos ainda os celulares para ter feito uma selfie deste encontro. Passaram neste momento duas mocinhas que tiraram fotos nossas, mas perdi-as de vista. 



Quero agradecer a Reginaldo Sadi, meu amigo, músico, pianista, diretor de teatro, que me levou à Cidade de Goiás, onde passamos dias inesquecíveis, hospedados na casa onde ele nasceu, recebidos pela sua mãe com delicadeza e aconchego. 

Nesta ocasião conheci a poetiza Cora Coralina. Passei uma tarde com ela. Conversamos sobre muitas coisas, falamos poemas e, a seu pedido, também cantei.

Reginaldo partiu precocemente e deixou em cada um de nós, artistas que privamos da sua convivência e usufruímos dos seus ensinamentos, um legado cultural inestimável. Devo a ele as amizades preciosas de Ângela Mascelani e Nietta Monte.
Conheci Reginaldo nos palcos do Teatro Municipal de Campina Grande, Paraíba, por ocasião do famoso Festival de Inverno da cidade que dura até hoje. Ele assistiu à minha estreia nos palcos com a peça 15 anos Depois de Bráulio Tavares e desde então nunca mais nos separamos. 
Ele dirigia o Grupo de teatro TERRITÓRIO LIVRE e, quando desfeito, os  atores e as atrizes criaram a INTRÉPIDA TRUPE.  
Quando, em 1985, vim morar no Rio de Janeiro, fui morar com ele. 

Este encontro com Cora Coralina foi um entre mil momentos felizes da minha história proporcionados por Reginaldo. Evoé!  

Ganhei naquele dia uma irmã, caçula, atemporal, registrada no cartório da dedicatória. 
Aninha! A irmã que a poesia me deu! 

Na contracapa da edição deste Livro pousaram as palavras do poeta Carlos Drummond de Andrade a Cora Coralina:

“Cora Coralina. 
Não tenho o seu endereço, lanço estas palavras ao vento, na esperança de que ele as deposite em suas mãos. Admiro e amo você como alguém que vive em estado de graça com a poesia. Seu livro é um encanto, seu verso é água corrente, seu lirismo tem a força e a delicadeza das coisas naturais. Ah, você me dá saudades de Minas, tão irmã do teu Goiás! Dá alegria na gente saber que existe bem no coração do Brasil um ser chamado Cora Coralina. 
Todo o carinho, toda a admiração do seu.”

- Carlos Drummond de Andrade, Rio de Janeiro, 14 de julho de 1979. [publicado "Villa Boa de Goyaz", de Cora Coralina. São Paulo: Global editora, 2001].


Aninha respondeu:


“Carlos Drummond de Andrade. Meu amigo, meu Mestre. 
Com alguma demora no recebimento de sua mensagem e maior da minha parte, vai aqui na pobreza deste papel de que só vale o branco, meu agradecimento àquele que de longe e do alto atentou para a pequena escriba, sem lauréis e sem louros, sem referências a mencionar. Sua palavra, espontânea e amiga, fraterna veio como uma vertente de água cristalina e azul para a sede
de quem fez longa e dura caminhada ao longo da vida. Abençoado seja o homem culto que entrega ao vento palavras novas que tão bem ressoam no coração de quem tão pouco as tem ouvido. Despojada de prêmios e de láureas caminha na vida como o trabalhador que bem fez rude tarefa, sozinho, sem estímulos e no fim contempla tranqüilo e ainda confiante a
tulha vazia. Meu Mestre. Meu Irmão. Que mais acrescentar? Eu sou aquela menina despenteada e descalça da Ponte da Lapa. Eu sou Aninha.”

- Cora Coralina. cidade de Goiás, 02 de setembro de 1979.


A correspondência entre eles continuou a partir de então e o poeta não cansou de divulgar a obra de Cora Coralina. 

E vivo assim, a descobrir parentescos poéticos 
que não têm fim...

sexta-feira, 10 de junho de 2016

SAÍ ÀS RUAS À CATA DE RUMORES



John Cage -Ocean of Sounds



SAÍ ÀS RUAS À CATA DE RUMORES
                                                                               Numa Ciro




Virando a Rua da Alegria

mal te vi bem te quis



 Atravessando o Viaduto

quebrou-se
              a moça
                            de
                                louca

                                   
Tão

                                         
 L
                            O


             U

                                                   ç     
   

                a




Na Rua das Ninfas







as asas do desejo bateram cócegas

 
                bem
           
                                             no  
 
                                                                             céu    

                                       
                                                               
                                                                  da 

                                                              
                                                 
                                           minha           

 
Boca
 
                                 
                                                 
                          Onde mesmo?

                                                                
só de olhar eu vejo


  
Na Esquina


Fiz sinal para o táxi

tomara que não pare
já me arrependi

           

On the road



fugi de casa somente com a roupa do corpo
nem quis saber
num  dou um dia
pelo menos um banho eu vou querer



Na feira


Não foi por engano
não tinha como se enganar
já sabia
o que?
o suficiente

enquanto pensava 
com os lábios cerrados
naquilo que se criava ave no seu pensamento
de repente 
fugiram-lhe as asas
TUDO
que parecia leve
mostrou os dentes
de um perigo leonino
manso e feroz
manso porque menino
feroz pois pois
escavado ao dentro

mas quando pensou alto da boca para fora
e ouviu
os sons das palavras dos seus próprios pensamentos

perdeu todas as libidinosas referências

foi quando sentiu como se unhas puxassem
para a superfície do corpo
a pele das coronárias

Maiakoviski já tinha dado a medida dessa in-vestimenta
Aí 
se viu inteiramente
de cima a baixo era toda coração
mas nada de maçã
apenas a pulsação daquele momento


Na praça


Bom mesmo é rir nessas horas bestas

sentou
cruzou as pernas

acendeu
tragou

ficou imóvel não sei por quanto tempo

chorou

lágrimas furtivas refrescantes escorreram
até pingar no átrio esquerdo
até entumecer os mamilos
o jeito foi dar de mamar àqueles lábios secos

também...
nunca foi mulher de engolir choro


Subindo a Ladeira




Literalmente

ela só tinha tesão quando estava a ler
qualquer impresso que levasse para a cama

livro jornal ou revista 
conto romance novela 
trágico lírico dramático
rimas ricas rimas pobres
versos livres  poesia concreta
até esvaziar a biblioteca

tentava equilibrar-se em cada linha dos textos
de repente ficava inquieta
dispersa

então relia
relia relia relia relia relia relia relia reli relia relia relia
reliiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiA

Até
que não mais suportava

(,,,)

só depois
ela recomeçava 

para conseguir a proeza de uma leitura 
pela leitura

Assexuada


terça-feira, 5 de abril de 2016

É ASSIM QUE EU ME APRESENTO




MEU NOME É NUMA CIRO

OU

AUTORRETRATO COM A CARA DO MUNDO




Hildebrando de Castro veste Numa Ciro enquanto ela canta 
na Performance 
NATUREZA VIVA
Técnica: Acrílica sobre Pele
Parque Lage
anos 90



Este Martelo Agalopado responde ao desafio 
Meu nome é Trupizupe 
de Bráulio Tavares


Pois não tinha serventia 
metáfora pura ou quase 
o povo é o melhor artífice no seu martelo galopado 
no crivo do impossível no vivo do inviável 
no crisol do incrível do seu galope martelado...

                                                      Galáxias – Haroldo de Campos





Vestida por Hildebrando de Castro: Acrílica sobre pele
Foto de Cláudia Ferreira
Museu Nacional de Belas Artes
Rio de Janeiro



Introito


Pra cantar desafio estou contigo
Oh poeta que sigo e admiro
Estatura não tenho, mais prefiro
Ser o anjo que afasta o inimigo
A morada do amor é meu abrigo
O desejo da rima é combinar
O sentido do mote está no ar
Quem pegar na palavra diz o seu
Quem pensar que eu não canto escute o meu
É com ele que vou me apresentar


Refrão

Meu nome é Numa Ciro
Sou a relva da Campina
Meu nome é Numa Ciro
A providência divina

Meu nome é Numa Ciro
Sou a relva da Campina
Meu nome é Numa Ciro
A providência divina


1
Sou o voo do desejo no horizonte
O riso da criança desejada
Lisboa, em Pessoa, visitada
A verdade beijou a minha fronte
Sou La Dolce Vita de uma fonte
A taça nas mãos do vencedor
O peito que acolhe o perdedor
A brisa da sorte na desdita
Sou a crença daquele que acredita
No projeto de paz de um sonhador...

2
Sou
A voz que atravessa a escuridão
A voz da minha mãe sempre a cantar
As vozes das cantigas de ninar 
A conversa que esquenta o coração
Sou boneca de pano de algodão
Imitou-me a rainha de Sabá
Do sermão eu soletro o bê-á-bá
Pelos meus belos olhos um império
Conquistou os recintos do mistério
Sem meu canto esse mundo o que será

3
Sou o susto da paixão inesperada
O beijo na bela adormecida
A valsa de Strauss em nossa vida
Quando o frevo revela a mascarada
Com a varinha de condão sou essa fada
Sou a mão que recebe o visitante
A casa que acolhe o habitante
E a certeza do pão de cada dia
Eu não posso viver sem harmonia
Sou Chiquinha  sou Gonzaga  sou Mutante

4
Madalena confessou o meu pecado
Fui o ócio da primeira vagabunda
Dos meus sonhos a beleza é oriunda
A história nasceu do meu passado
Meu destino pelo verso foi traçado
Fui o sopro de Deus na criação
Sou o Bumba-meu-boi do Maranhão
No cordel sou a rima das sextilhas
Alice no País das Maravilhas
E as sete cataratas do sertão

5
Sou o chinelo velho pro cansaço
A pausa no mundo que tem pressa
O carrinho na escada de Odessa
E a silhueta do velho Encouraçado
Sou a água que chove no roçado
E o sol que desponta na Sibéria
Utopia que acaba com a miséria
Sou a noiva no altar do casamento
A dor que caiu no esquecimento
E o remédio que mata bactéria 

6
Sou o dom de ler a mão de uma cigana
De Beethoven a nona sinfonia
Sou a noite que separa o dia-a-dia
E o domingo entre os dias da semana
Sou o fogo que alimenta a velha chama
A Natureza duradoura do amor
A violeta do olhar de Liz Taylor
Sou o fio que desmancha o labirinto
Eu só falo o que penso e o que sinto
Sou a boca carnuda de Bardot

7
Sou na Festa de Babette o apetite
Sou a bola na cesta do basquete
As coxas perfeitas da vedete
E a forma do belo em Afrodite
Sou a Nega Zefa  a Deusa Lilith
O raio de Iansã da Conceição
Vaidade aberta em leque do pavão
Sou as águas de março em abril
As cores da Aquarela do Brasil
Sou a força dos cabelos de Sansão

8
Só se fala atualmente em internete
Endereço eletrônico  navegar
Comunica quem aprende a sitiar
Uma bomba que não mata  mas impede
A conversa cara a cara sem confete
Pois eu acho esse caso muito sério
Manuscrito já perdeu o seu império
Sobre isso escrevi sem nostalgia
E pra não ter atraso de um dia
Eu mandei-o para Bráulio por e-méio


Meu nome é Numa Ciro
Sou a relva da Campina
Meu nome é Numa Ciro
A providência divina

Meu nome é Numa Ciro
Sou a relva da Campina
Meu nome é Numa Ciro
A providência divina


EPÍLOGO

Aprendi com minha avó, desde menina
A fazer da cantoria vocação
Assistindo  Retalhos do Sertão
Na rádio Borborema de Campina
Zé Limeira confirmou a minha sina
James Joyce com Homero foi casado
Guimarães Flor Lispector encantado
Eu não posso viver sem escritura
Se transforma em criador a criatura
Quando eu canto martelo agalopado

 


DISCO NUMA 

Produção musical:  Lan Lanh

A música do  Introito, do refrão e do epílogo são de domínio público.
A música das demais 8 estrofes são de Socorro Lira.

Percussão: Lan Lanh
Viola: Guto Menezes
Estúdios: LANHOUSE (Lan Lanh)
LAURA ALVIN (Técnico: Guilherme Toledo)
PLAYGROUND (Técnico: Junior Neves)
UMUARANA (Técnico:  Ricardo Calafate)






Numa Ciro 
Foto da série Giros d'Alma
de Walter Tochtrop
uma das fotos desta série virou cartaz para o dia 1 de dezembro 
DIA MUNDIAL CONTRA A AIDS













segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

PARCERIAS com CÉSAR LACERDA

CÉSAR LACERDA






FAVOS DE SOLIDÃO


Musica César Lacerda
Letra Numa Ciro

Gravada por César Lacerda
neste disco


César Lacerda
participação especial
Letícia Novaes


Depois
tudo agora espera o carnaval
só depois daquele vendaval
quando a paz de um ninho relembrar aos amados
favos de prazer
que os amantes loucos tiram de qualquer dor
talvez o amor encontre o seu lugar
e a solidão
simples delícia esperta
enquanto for contraponto
Tom sobre meu cantar
inevitável João





BELO ACASO


Musica César Lacerda
Letra Numa Ciro

caiu do céu
lábios de mel
na minha boca

improvisei
lua de mel
que noite louca

Ah... estavas distraída em mim
Ai... estava tudo estrela sem ter fim...

nem dei por ti
quando me vi
éramos caça

olhos ali
línguas assim
risos de graça

Ah... ninguém pediu pra repetir
Ai… de novo o céu nos fez cair
a lamber os pés do chão
a teimar em sermos
curiosas coisas da vontade

aah! hei de viver
ai! ai desse mel
ah! hás de querer
Hai Kai desse céu

por acaso...
belo acaso...


Hai Kai do céu
Lábios de mel
Hai Kai







ABAPORU

Musica César Lacerda 
Letra Numa Ciro
Gravada por Laura Lopes 






Ah, Abaporu Abaporu drume na
Na manhã cunhã mãe me nina nanã
Ah, Abaporu Abaporu dormirá.
Mãe me nina eu mim ouvi mãe ninar

Tá 
Se 
Lá 
Viu

Dejà vu de cactus y cactus y Capitu

Ta 
Sonhá 


Tem Abaporu ca ta imagina

Ah Abaporu Abaporu 

Tarsila

Sol na flor da fome do homem Aba
Ah Abaporu Abaporu lumina
Pai ensina bô mim poru mim canta


TARSILA DO AMARAL
ABAPORU
óleo sobre tela
1928



Malvina 

"É sempre bom voltar à minha terra natal, Diamantina, e cantar pra tantas pessoas queridas! "Nem me fale", música de César Lacerda e Numa Ciro, no Teatro Santa Izabel".


NEM ME FALE

Música: César Lacerda
Letra:     Numa Ciro


Eu te olhei eu te quis nem me fa-
le ton nom me diz mais que um afago
tu me viu tu me quis nos meus olh
zolhos mil  zolhos mil diminhalma

se passou passou perto. Demais!
ceci bon, c’est la vie, oui ma dá-me,
soy feliz, je suis trés heureux
                      I’m happy, quem diz?  não see ça be...                                   

Como eu disse eu direi eu só vou
se as estrelas cantarem na estrada
e se a sorte nos acompanhar
servirei à expressão de uma fada

onde estás vou atrás demorô
diz que eu fui porquistou com saudade
abre a porta e me espera no cais
cai na minha amorosa cidade

Quando eu digo e suspiro de amor
Não há luz que se veja mais clara
E se a vida nos deixar viver
Viveremos de amor e mais nada



MULHER


Música   César Lacerda
Letra  Numa Ciro
8/9 de março de 2010


Não tenho inveja do bigode, nem da barba, muito menos da pressão
Não tenho inveja da gravata, nem do terno, muito menos d’ambição

Só tenho inveja do nome homem
e
da força múscula
da força muscular

sou mulher
no peito e na cintura
sou mulher
voz sem violão

não tenho inveja dos testículos, nem nem dos pelos, nem do pomo de Adão
não tenho inveja d’ autoridade, do raciocínio, muito menos da ingratidão

Só tenho inveja do nome homem
e
da força múscula
da força muscular

sou mulher
no peito e na cintura
sou mulher
voz sem violão
 
Não tenho inveja do xixi em pé



Laura Lopes


BELISCANDO PAREDES



Música César Lacerda
Letra Numa Ciro 


Beliscando paredes
Arranhando portas
Comendo o pau da mesa
Fazendo o dial de drops
Me deitei no fogão
Virei ímã de geladeira
Dei pescoço a vampiro
Rasguei a grana do ano inteiro

Fulana!
Beltrana!
Sicrana!
Oh! Como eu tou

Fulana!
Beltrana!
Sicrana!
Oh! Como eu tou

Aquela não gosta de cama
 Essa não fala de amor
A outra não teve cuidado
E eu fico nessa de horror

Fulana!
Beltrana!
Sicrana!
Oh! Como eu tou


Fulana!
Beltrana!
Sicrana!
Oh! Como eu tou 






DESPROPORÇÃO


Música  César Lacerda
Letra     Numa Ciro




Quando eu era menina tinha
Um rio enorme atrás da minha casa
O pensamento se ouvia no espelho e no fundo

Hoje
Meu olhar de paixão te ver maior que todas as coisas do mundo
Mordo os meus sonhos


Hoje 
Aquele rio enorme é um rio riozinho
na desproporção do meu olhar adulto
Essa paixão... Será que tem tamanho?

Ainda
A casa o Rio a menina
O espelho o fundo de tudo 
E o meu olhar te procura em todas a margens do mundo






Amanhã Cidades

Música: César Lacerda
Letra:     Numa Ciro

haverá
um simples quintal?
amanhã
a voz cantará?

Sonharei
à beira do caos?
Por-do-sol
Acende o luar
AAAR
AAAR

Ora, velho, há sombra e luz (disse um verso) ( disse o moço)
na memória de um país
a cidade dói em mim
penso em tudo sem chorar

haverá
jardins de brincar?
amanhã
cidade haverá?

voz de alguém
nessa imensidão…
eu sonhei
com âncoras e cais

somos muitos
somos sós
medo esconde o amor
Ali! um sorriso  
alguém passou
o horizonte ainda está

Passageiros do amanhã
Destinados a cantar
Haverá
cantar
amanhã
Haverá
cantar

Um simples cantar


He he he