quarta-feira, 23 de outubro de 2024

 

MULHER CHORANDO




Mulher Chorando 
Candido Portinari 
1944




Poema de Numa Ciro
Música de Flaviola






Se não fosse o coração batendo
Se não fosse a solidão inesperada
E se não bastasse o abismo
ainda tem a superfície
a aurora despedaçada

Era quase uma flor se não fosse o gesto
Quase um rouxinol
mas não cantava
Só chorava

O choro tinha tudo pra lavar a alma
Se não fosse a pancada
Se tivesse pelo menos uma palavra
Nem não

Era quase um orvalho se não fosse a forma
Quase diria
uma bolha de sabão
mas não flutuava

As lágrimas caíam como rolam pedras
e esse olhar que foge longe
Parecia que nem era por mim que chorava

Quero o nome disso que fere ali onde havia festa
Tinha o mundo e era bom
De lá se ouviam as risadas
O cheiro de jasmim passava
E deixava um aviso de batom

Onde estava guardado esse risco?
Onde estava guardado esse risco?
Onde estava guardado esse risco?

Se não fosse aquele olhar longínquo
Essas pedras rolando do peito
E essa mão que chora mais forte

Era quase um semblante
se não fosse a morte 

terça-feira, 22 de outubro de 2024

Disco Numa Ciro  



Capa do Disco

de Hildebrando de Castro 

a partir do Quadro de Hildebrando de Castro









Numa Ciro numaciro50@gmail.com

seg., 16 de mar. 17:37 (há 23 horas)
 
para Henrique


Amado Henrique,
Διδασκαλε!

Eu quero muito que você escreva para o livreto que acompanha meu primeiro disco NUMAciro, ainda sem título, sobre o qual falamos algumas vezes.  Escolhi para você, a canção A ARTE É MULHER, uma das minhas parcerias com Lan Lanh. Você não  precisa adivinhar porque a escolhi e por que estou tão curiosa para ler o que dirá. 

Segue o link do meu blog onde você pode reencontrar a letra.

ευχαριστώ,
Numa

Henrique Cairus



11:04 (há 5 horas)
 
para mim



Querida Numa,


quando você me mandou a letra da canção que você compunha com Lan Lanh, eu havia recebido uma pergunta de uma colega: o que pode vir antes do início? Ela me perguntava isso, porque havia escrito algo para a minha tese, e aquilo que lera não lhe pareceu suficiente. Foi exatamente quando eu pensava em como ser mais claro que você me enviou essa bela canção, uma obra prima cujo primeiro verso é "Eu conheço a origem da Origem".
Era isso que eu procurava e não sabia dizer! A prosa não dá muito conta disso.

Percebi, enfim, que o que eu queria dizer não cabia em prosa, e não sou poeta. Não sou, mas você é. E, em vez de tentar algo acima do meu alcance, tomei a canção como epígrafe daquele capítulo, o único capítulo da Tese com epígrafe, e não é exatamente uma exceção, tampouco é precisamente uma epígrafe: é o reconhecimento de que a arte (que é mulher), e só a arte, significa sem o que não se diz, como o oráculo de Heráclito. A linguagem da arte, da tua arte, está acima da linguagem, como a origem da Origem. A prosa e a poesia: "e quem há de negar que esta lhe é superior?".
A origem da Origem está também na origem desta nossa relação, que há muito não cabe na amizade: a arte nos apresentou. Lembro, cada vez que saía de casa, da primeira vez que te ouvi cantar da janela, com sua voz contralto tão bem colocada e com seu repertório inusitado: forma e conteúdo que fecundaram minha mente de uma curiosidade embrionária que se desenvolveu em amor, a partir de uma carona que te dei e que ensejou que eu conhecesse a dona da voz pela voz da dona também de grande parte de um repertório que encanta a quem o ouvir, ainda que seja como o "biscoito fino" de Oswald.

Tua arte "inventou a existência antes do Nada, quando o Ser era o Tempo em vertigem". 

Obrigado, origem de minha Origem, arte magnífica de Numa Ciro, tua própria arte.
E todos riem com a sua brincadeira!



Numa Ciro: o nome de uma arte


Por Henrique Cairus


A mim não me pareceu nada estranho que só agora surgisse o disco de Numa Ciro. Este objeto, o disco, agora disseminado -- mas não rarefato  -- em bits virtuais, foi criado para reproduzir artes com nomes que lhe são próprios, a música, a canção, a oratória e tudo que diz respeito ao som. O disco privilegia um sentido, e é claro que já está claro que a Numa não cabe num sentido, não cabe num significado, tampouco num significante, não cabe numa direção, não cabe em Aristóteles e se ri de Platão. Numa é o transbordo do sem cabimento; do que inunda. A própria sinestesia lhe é pouco, porque não dá conta de sua potência criadora. Uma potência que ela reivindica também como mulher, o gênero que cria o gênero, esse gênero de expressão que não tem outro nome senão o de Numa Ciro. Uma mulher que carrega dois homens, dois imperadores, no seu próprio nome: o Ocidente de Numa, o Oriente de Ciro.

Sua arte é a tradução do encontro absolutamente singular entre o conhecimento e o sentimento, e esse encontro traz a indelével marca de sua lida semisecular com a psicanálise, com a literatura e com a filosofia.

A Relva da Campina tomou a ousada resolução de não sair da frente para dar passagem ao Filósofo, e, assim, faz o contraponto ao Trupizupi, em homenagem, reconhecimento e identificação pelo avesso. Um avesso que se vira do avesso na última faixa do disco, a única que não é de sua autoria, mas que traz uma assinatura em que a interpretação já se funde e se confunde com a própria autoria. Bráulio, Numa e todos nós somos para sempre hipopótamos tartamudos.

A arte, esse substantivo feminino muito singular e por vezes abstrato, uniu Numa a Lan Lanh que, juntas, mapeiam com a precisão da qual a filosofia é incapaz a relação entre o ventre e a arte: a criação é uma só, antecede o nada, a origem da origem. O que cria a criação não é criatura, o que cria a criação é arte. A criação nasce grávida da criatura, do ventre feminino semeado pela pulsão invocante que antecede o próprio Outro, mas que se realiza nele. 

O gêmio gênio de Tânia Christal aparece como um desses ventres disponíveis à criação, e é ali que o sujeito se encontra mais fortemente com o objeto, é ali, na voz de Tania, presente na vigésima quinta hora de toda as letras (e não só nas que assina), que a biografia de Numa se encontra com suas outras grafias e agrafias. É só prestar atenção no detalhe. 

A poesia tem um compromisso inextinguível com a música. Eram um uno, e, na verdade, nunca deixaram de ser. Numa sabe disso. Sempre soube. Sabe-o também Flaviola. E não há pouco tempo uniram-se Numa Ciro e Flaviola para também devolverem definitivamente a união ao que nunca se desuniu: métrica é compasso, pé é dança, nota é sílaba. Safo sabia.

Safo de Lesbos, segundo Platão, a Décima Musa. De Safo, sabe-se que se apresentava cantando, com uma performance solitária em meio a um público atônito. Sabe-se também que foi muito célebre pelas suas apresentações, pela sua música, pelo seu canto, e provavelmente por outros encantos. E de todo esse fenômeno que foi Safo, o que temos são apenas as letras de suas canções, e de pouquíssimas delas. É uma sobra e uma sombra do que foi Safo, mas a grandeza de sua arte era tanta que o pouco que temos compulsa nossa imaginação a completar esse quadro que frequenta a mente de quantos a leem. A poesia sobrevivente de Safo não a reduz, mas a recria eternamente.





OUTRA CAPA 




Tela de José de Barros 
A Cantora 



NUMA CIRO

                                                         Braulio Tavares


    A voz de Numa Ciro é como um aparelho de rádio artesanal, captando rádios piratas pelo mundo afora, sintonizando frequências que estão vibrando ali o dia inteiro, a vida inteira, para quem souber encontrá-las. São frequências de onda que trazem cadências poéticas, flashes visuais, trocadilhos inconscientes, harmonias semi-tronchas, melodias saltitantes, recados urgentes do futuro que ficam ricocheteando de mente em mente até chegar em algum lugar do passado, que é onde nós estamos.

    É uma voz-memória, passeando pelas ondas do espaçotempo como um rio que passa pelo fundo de todas as casas do mundo, um rio correndo devagar, passando, recolhendo, recebendo, trazendo coisas que boiam, que afundam, que ressurgem na voz de quem fala deitado de olhos fechados, na voz de quem canta a sós num palco escuro sob o facho de luz do holofote, no oco de um teatro repleto onde todo mundo escuta e prende a respiração, porque a voz canta “a capella”, y no hay banda.

    Uma voz como um disco voador, um disco de um lado só, um disco digital que não é feito de matéria mas apenas de luz que se lê, se lê como um livro, um disco-livro cheio de letreiros luminosos, de néons piscando, de psicodelias, de prismas dividindo a luz em letras.

    Nas canções que Numa Ciro escreve ou recria existem, amarradas, num nó feito de todos nós, duas pontas, duas extremidades: a Via Láctea e o fundo do quintal, o inalcançavelmente grande e o lugar de nós todos. O grande atrator das galáxias e o terraço lá de casa onde os amigos se reúnem em termos de cerveja, tiragosto, violão de mão em mão e repertórios compartilhados. Porque há que ouvir dez mil músicas antes de se fazer uma, há que escutar mil e uma noites antes de se escrever a primeira história.

    Numa Ciro tem a voz de quem trabalha ouvindo, trabalha colhendo das histórias alheias não o desenho dos fatos, mas o movimento profundo que carrega nossas mentes como a correnteza carrega as águas.

    Esse é o diapasão da viagem, é o tom dessa peregrinação de tantos anos de Numa Ciro em busca da nota precisa, da respiração invisível, da pancada perfeita, da palavra surpresa, da língua solta, da carne livre, do corpo elétrico que o mundo de hoje canta, os corpos pequenos que vão para onde vai o mundo grande, mas seja para onde forem, vão cantando.

  


Numa Ciro com 2 anos


DESPROPORÇÃO


Música de César Lacerda
Letra  de   Numa Ciro




Quando eu era menina tinha 
um rio enorme atrás da minha 
Casa
O pensamento se ouvia 
No espelho e no fundo

Hoje
Meu olhar de paixão te ver 
Maior que todas as coisas do mundo
Rio de sonhos

Hoje 
Aquele rio enorme é o rio riozinho
na desproporção do meu olhar 
Adulto
Essa paixão
Será que tem tamanho?

Ainda
A casa o Rio a menina
O pensamento no espelho e no fundo 

E o meu olhar te procura 
Em todas a margens do mundo


oi, Numa, querida!


    recebo o seu e-mail em festa! que felicidade imensa saber que a nossa canção irá abrir o seu disco - sinto-me tomado por um  sentimento nobre de gratidão e orgulho! ainda além, saber que você escolheu iniciar o disco cantando à Capella, faz-me ainda mais mais feliz!

     fiz aqui os cálculos: nos conhecemos em 2009 (lá se vão 11 anos...!), quando você estava em cartaz no Rio de Janeiro com o seu espetáculo “Numa Noite Quatro Luas”.  É preciso que eu diga antes de tudo: muito do que sei sobre música popular brasileira e sobre como fazer um espetáculo com canções brasileiras, uma tradição dramatúrgica e uma modalidade de  performance muito nossa, desta nossa terra, aprendi com você. vendo você retorcer o sentido de tudo e reinventando mundos com o seu “monólogo cantante”.

     “Desproporção” abrindo o disco, à Capella, apesar de parecer funcionar como uma introdução é também, por sua vez, um epílogo; e ainda, bem antes, a confirmação de uma trajetória de elaborada pesquisa artística. quando penso na nossa canção, claro!, vejo ecoar Caieiro: “O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia...”. as águas onde despejamos nossas lágrimas, sonhos, perguntas, desejos... 

    lembro-me das nossas longas conversas, quando eu ainda vivia no Rio de Janeiro. você me contando sobre a sua Campina Grande, sua infância repleta de fantasia, a menina Maria do Socorro encantada pelo som das coisas, nas vastas tardes de solidão. eu, que também nasci no interior do país, sei que viver a infância nestas cidades aprofunda o que carregamos dentro. o que sentimos e o que imaginamos.

     quando penso em você, Numa Ciro, este seu heterônimo, penso que ele nos convida sempre à transfiguração do conceito de idade. Numa é a avó e a neta, a mãe e a filha, e ainda além, o que virá, o que não nasceu - eis aí o que conecta as ideias de ancestralidade e o que a física quântica deseja saber sobre o tempo. a desproporção é saber-se sem cabimento: você, o seu olhar, seu sentimento do mundo (façamos também ecoar Drummond!), não cabe num só corpo, numa só existência. o que lhe é desproporcional não é o rio, a saudade, a casa, a infância, a menina. mas sim, a vida. a vida transbordou o coração imenso que você carrega no peito e transformou-se em som. o som da voz que canta.

 

um beijo muito carinhoso!



César Lacerda
         



A ARTE É MULHER


Letra Numa Ciro
Música Lanlan






Eu conheço a origem da origem,
Antes mesmo de ser originada.
Inventei a existência antes do nada,
Quando o Ser era o Tempo em Vertigem.
Inventei a casa e a viagem.
No advento de Galáxia, fui parteira.
Eu cuidava do berçário das estrelas
E ninava cada uma nos meus braços.
Assoprava a poeirado espaço
E elas riam com a minha brincadeira.


Vi a Terra engravidar do universo
Pelo sopro da natureza. E a criação
Era simples rotina e diversão.
Não havia discordância no inverso:
Se da luz fizeram-se os versos,
Das sombras da noite, a ficção.
A verdade foi a joia da invenção.
A diferença, melhor aproveitada.
Era o Caos, folia organizada,
O princípio da humana inspiração.

  
A mulher apareceu inesperada,
Quando eu era o protótipo de um Drone.
Na filmagem, escutamos o seu nome:
A primeira palavra inventada.
A Mulher, por si mesma, foi criada.
O pensamento saiu da sua boca:
Antes disso a linguagem era oca.
Ao sentimento, ela deu um coração.
Inventora do Amor e da razão,
A Arte é Mulher.






Lanlan



 PSICODÉLICA


Música de Lanlan
Letra de Numa Ciro



Posso viajar o ano inteiro
Sem jamais voltar ao mesmo endereço 
E mais
Dou a volta ao mundo em um segundo
Volto atrás e encontro o velho futuro


Sou assim
E quem me vê assim
Diadorim 
Ontem mesmo a figura estranhou
Eu vou sair
Alguém vem junto?
Eu
Eu vivo assim
Mudo com o tempo  
Tenho a sorte a meu favor 

Não sou pessimista
Meu Jaguar veloz na pista
Ligado em Rock and Roll
Dizem que sou rica
Mas não tenho ainda um disco voador                                                 


Sou assim
E quem me vê assim
Tão free again
Ontem mesmo a figura se mandou
Não dormi 


Agora já... ... ... 
...esqueci.


São Dumont!


Já de malas prontas 
e o check in… 










Dizem que sou rica

Pego a dica e vou bancar meu carnaval
Sou pós-modernista
Faço antropofagia sideral



No terraço em minha cobertura
Posso dar o pouso à nave futura
Um ET sentado em meu carrão 
Banco a carona e a tradução 

Meu pão


Vem me contar a sua história
Bagunçar minha memória e meu cartão
Vem me dizer se onde mora
Tem registro de humanóide imigração
Vamos dar um giro na galáxia
Até que a morte não desligue o coração






Vigésima Hora


Música  Tânia  Christal
Letra      Numa Ciro


1984
na exposição de Hildebrando de Castro
Petite Galerie
Ipanema - Rio de Janeiro

Preste atenção no detalhe
Na vigésima hora
Quando vento levou
Ahhhhh
Essa noite
Infinitas vezes
Reprise
Já decorei esse filme
Estou louca louca louca
Preste atenção no detalhe
Preste atenção no detalhe
Preste atenção no detalhe
Preste atenção
Louloulouloulouloulouloulouloucaaaaaa
Louloulouloulouloulouloulouloucaaaaaa



XOTE À PRIMEIRA VISTA



Letra de Numa Ciro
Música de Tibor Fittel





Quem me chamou de meu amor
Não disse nada 
Só olhou 
Eu entendi
Correspondi imediatamente
Aquele olhar de sol nascente irradiou e eu ouvi

Ouvi chamar:
Vem meu amor!
Não disse nada e começamos a dançar
Rodopiamos infinitas vezes

A sanfona não conteve o toque de acompanhar


Samico
O Xote vai dizer 
O que eu não disse nem a mim
Nem a você
No Xote a gente conversa à vontade
Faz amor 
Mata a saudade da saudade que vai ter



O Xote vai dizer 
O que eu não disse nem a mim
Nem a você
No Xote a gente conversa à vontade
Faz amor 
Mata a saudade da saudade que vai ter


Gravada no Estúdio PlayGround. 
Sanfona Tibor Fittel
Percussão Lan Lanh 
Voz Numa Ciro


DO ESPERAR


Música: João Donato
Letra:   Numa Ciro







Letra de Numa Ciro para João Donato

Passo a passo eu vou
Esperar quem vem
Quem me disse eu vou 
Ao baile com meu bem

Esperando ando
Sustenido eu vou
Improviso um bemol
A esperar meu amor


O Baile está divertido
Já ensaio uns passinhos
Estou Muito à Vontade
A esperar meu benzinho

O Baile está divertido
Já ensaio uns passinhos
Estou Muito à Vontade
A esperar meu benzinho


Esperando eu sonho
É bom imaginar
Ter meu bem nos meus braços
E juntinhos dançar

Um bolero não dá 
Pra dançar sem você
Tango então nem pensar
Só se for pas-de-deux

Esperando o meu par
Pra dançar Pas-de-deux
Já dancei mui solito 
Rock and Roll Iê Iê Iê 



Pra dançar à vontade
Bem de bem de pertinho
Pra pedir com os olhos
Nem que seja um beijinho

Foxtrot y Mambo
Rumba Samba e Baião
El Son Salsa Calipso
Chá Chá Chá no salão


O Baile está divertido
Já ensaio uns passinhos
Estou Muito à Vontade
A esperar meu benzinho

O Baile está divertido
Já ensaio uns passinhos
Estou Muito à Vontade
A esperar meu benzinho

O baile está divertido 
O baile está divertido 
O baile está divertido 
O baile está divertido 

Tranquilidade!


DADA ISSO


Música de Jean Claude Burg
Letra de Numa Ciro


Claude Burg e Tânia Christal

Mundo excessivo
Impressionista o céu
Sonho esculpindo
E as nuvens nem aí
São livres
São livres

Cartões non-sense ao nosso 
Olhar comum

Instantâneas
Impressões

Nuvens cubistas
Surreais
Feras soltas
Cavalo-de-pau
Vacas sorrindo
E já não riem mais

Aonde foram?
As nuvens passam
Ao cabaré voltei

Passou Man Ray
Passei batom
Não leve o sol

Dadá caos
Artes pelo chão
Tristan
Mundo lê



Mundo excessivo
Expressionista o mar
Ondas dada ondas
VanguarDada
Dada
Blues

Minha neta
Vai
Gostar de blues
E o filho
Do meu filho


Dada Hannah Dada Emy
Dada Elsa Dada Sophie
Janco Hans Arp Hugo Ball
Lacan Dali

Criança casa
Brinquedo chão
Quem tem razão?

Não é coisa
Sim é outra
O que dirá “Pois não”?

Dadá água
Da Fonte não
A do
Salão

Dadá Fonte da Arte
Dá dá isso
Dá dá isso













Com Hermeto eu fui à feira de campina

Vi Donato no baile com Ivone

Tânia Christal foi quem me deu o nome

Tibor Fittel  César Lacerda quem me ensina!

Se Bráulio é o Raio da Silibrina

Flaviola é ex-tudo estravagante

Zé Miguel Wisnik o elegante

Socorro Lira  paraibana como eu

Sou dadaísta e Claude burg esclareceu  

Sou Lan Lanh  sou Gonzaga  sou  Cantante





















Autores






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Henrique Cairus
Professor Titular- UFRJ

hcairus@ufrj.br